Seca extrema e queimadas castigam o Norte do país — Foto: Caíque Rodrigues/g1, João Oliveira/Arquivo pessoal, Ronny Alcântara/Rede Amazônica e Samantha Rufino/g1 RR
Os brasileiros enfrentaram quase três meses a mais de dias quentes nos últimos doze meses por causa da mudança climática. É o que mostra um relatório publicado nesta terça-feira (28) por entidades internacionais que analisaram dados de 2023 e de 2024 em comparação com a média de décadas anteriores.
➡️ A análise foi feita em conjunto por grupos internacionais como World Weather Attribution, Climate Central e do Centro Climático da Cruz Vermelha.
Os autores do relatório consideraram que a temperatura de um dia era anormal em um determinado local se excedesse 90% das temperaturas diárias registradas entre 1991 e 2020. Os dados analisados levam em conta o período de junho de 2023 a abril de 2024 em mais de 160 países.
Por que tanto calor?
Os últimos 12 meses foram os mais quentes já registrados no planeta. O que os pesquisadores apontam é que o calor extremo é resultado das mudanças climáticas, reflexo da queima de combustíveis fósseis.
🔥 O aquecimento global é causado pelos gases de efeito estufa que retêm o calor do nosso Sol na atmosfera. Esses gases, como o CO2 (gás carbônico), são liberados quando queimamos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, algo que não fazíamos antes da Revolução Industrial, pelo menos em larga escala.
Desde então, a quantidade de CO2 na atmosfera aumentou mais de 50% - e continua crescendo. Em 2023, as concentrações desses gases na atmosfera atingiram níveis sem precedentes. (Leia mais aqui)
Impactos no Brasil
No Brasil, nos últimos meses vimos:
🌡️ ONDAS DE CALOR: na última década, houve aumento de quase sete vezes na incidência de ondas de calor. Elas também estão cada vez mais longas; a mais recente durou mais de dez dias.
🌡️ TEMPERATURAS ACIMA DA MÉDIA: Em maio de 2024, mês que antecede o inverno e que as temperaturas deveriam ser amenas, cidades pelo país registraram até 8°C acima da temperatura média.
🌧️☀️ EXTREMOS: enquanto a seca castigava o Norte do país com a terra exposta onde antes eram rios, o Sul foi tomado pela forte chuva que devastou o Rio Grande do Sul.
Fenômenos naturais e mudanças climáticas
Neste ano, o país também esteve sob a influência do El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e interfere na chuva e, consequentemente, na temperatura. No entanto, o que as análises indicam é que o aumento atípico da temperatura tem relação com as mudanças climáticas.
➡️ Isso porque o El Niño ocorre de tempos em tempos (entre dois e sete anos). Ou seja, é um fenômeno que já influenciou o clima na Terra em outros anos. Apesar disso, nunca vimos os recordes registrados nos últimos 12 meses.
A causa, segundo os especialistas, é um clima já mais quente e que, ao passar por fenômenos antes previstos, está mostrando um resultado extremo.
No estudo, a análise incluiu cálculos matemáticos que simulavam as condições da Terra em uma temperatura não alterada pelos gases do efeito estufa. A conclusão foi que, sem a pressão das mudanças climáticas, o país teria vivido 18 dias a menos de calor extremo.
Fonte: G1
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